25 de agosto de 2015

Bárbara: sem emoções II

Capítulo 2: Faculdade

- Ei, cara, achei algo pra ti... – disse Felipe ao entrar fadigado na sala de aula, afinal, ele não era fã de exercícios, o que dava para perceber principalmente quando o elevador estava quebrado. Não deve ser fácil para ele subir até o oitavo andar do prédio para acompanhar a aula de terça-feira – e acho que vai gostar.
- Conhecendo como você é, imagino que tenha encontrado uma caixa de cerveja gelada no meio da rua, provavelmente da minha marca favorita – retruquei com certa ironia.
- É sério. É sobre a saída dela da universidade anterior.
- O quê? Ela te contou toda a história dela enquanto você a convidava para transar?
- Não. Até que não seria má ideia, mas não foi assim. Vi ela conversando com uma loira na sexta-feira e quando cheguei mais perto ouvi ela dizendo que não pode falar o motivo de saída da faculdade na frente dos outros, mas quando elas estivessem sozinhas iria contar. Entende? Acho que tu tava certo e ela realmente tá escondendo alguma coisa.
- É isso que você achou? – questionei com uma expressão entediada.
- É – respondeu Felipe, meio sem graça.
- Acho que já está na hora de tirar o caderno da mochila então e olhar para frente.
Bárbara não apareceu na aula naquele dia. Achei que talvez ela estivesse mudado de universidade mais um vez e nunca mais teria a oportunidade de saber quem ela é, ou era. Nem sequer deu tempo de descobrir a idade dela e ela some, isso não está certo.
- Ei, não vou ir beber hoje, tenho que dirigir na volta para casa – argumentei com Felipe assim que saímos da sala e ele se empolgava com a ideia de abrir algumas latas de cerveja depois da aula mais chata que tivemos no ano.
- Como assim? – ele respondeu perguntando com um tom de surpresa. – Hoje é terça-feira, lembra? É o dia de relembrar o final de semana.
- Para você, todos os dias servem para relembrar o final de semana.
- Protesto!
- Quase todos os dias então. Sexta, sábado e domingo não servem para relembra porquê...
- Porquê são final de semana. Aprendeu rápido. Mais uma prova que não pode ir para casa sem antes abrirmos algumas...
- Até semana que vem – interrompi.
Assim que entrei no carro fiquei me perguntando o motivo de tanta curiosidade com a vida de outra pessoa. Bárbara é só mais um nome comum, em uma pessoa comum no meio de tantas outras pessoas comuns que eu conheço e que perambulam pelas vidas de outras tantas pessoas tão ou mais comuns em um universo comum como o meu, que é comum igual ao seu.
- Espera! A universidade anterior dela. É isso. Tenho que descobrir o motivo de ela ter saído de lá, e não deve ser tão difícil assim. Amanhã mesmo vou ligar para a... Ai, caramba! Eu não sei o nome do lugar onde ela estudava – lamentei falando comigo mesmo.
- Você se apaixonou por essa garota, só pode – disse uma voz conhecida ao meu lado.
- Felipe, o que...
- Não parece muito normal conversar sozinho dentro do próprio carro com os vidros totalmente abertos em uma terça-feira à noite enquanto todas as 827 garotas que estudam hoje passam ao lado do seu carro e provavelmente deduzem que você está louco, ou apaixonado, o que é praticamente a mesma coisa.
- Eu não estou apaix... Como sabe a quantidade exata de garotas que estudam hoje?
- Um mágico nunca re...
- Não enrola!
- Tá, eu confesso que invadi o sistema da universidade para saber o nome, o número, o endereço e os interesses de todas gurias que estudam aqui.
- Cara, você é muito doente!
- Pode até ser, mas eu descobri mais uma coisa.
- Não quero saber, só preciso que você invada o sistema da universidade de novo e descubra onde a Bárbara estudou, consegue? – perguntei com um tom de desconfiança.
- Claro que sim, nunca vi uma segurança tão fajuta quanto a dos computadores daqui – afirmou Felipe, que seguiu explicando a facilidade com que invadiu os sistemas da universidade enquanto eu entendia apenas as palavras “criptografado”, “firewall”, “código de acesso”, “moleza”, “sexo” e “invasão”.
- Sexo e invasão não deveriam estar na mesma frase. Sabe que isso pode gerar problemas né?
- Esquece o sexo. Descobri mais alguma coisa sobre a Bárbara e tu ainda não me deixou falar.
- Já imagino o nível da descoberta. Se for como a última...


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