17 de dezembro de 2013

Protestos? Pff!

Lembro de um sábado à tarde, quando uma comerciante ligou-me e pediu se o protesto realizado em Teutônia chegaria em seu bairro. Na resposta afirmei que ela não deveria se preocupar, que o protesto local era tranquilo e sem qualquer tipo de vandalismo. Mas senti o medo nas palavras daquela mulher...

Era quase um terror gritante que assombrava até minha pacata cidade natal. Grande ilusão, meses depois tudo voltou ao normal e ninguém mais lembra de ir às ruas, e se for, vai com medo da própria sombra, principalmente nas noites escuras e quase nada assustadoras de um bairro do interior.
Depois de tanto gritarem "vem pra rua", é triste o fato de que todos tenham voltado para as suas casas e continuam na cômoda vida de um simples brasileiro. Parece uma piada dizer que nós vamos reivindicar nossos tão batalhados direitos, principalmente para aqueles que veem tudo do lado de fora dos acontecimentos.
- Todos os brasileiros estão protestando, indo para a rua reivindicar seus direitos, vamos também! Chega de ficar calados - disse o jovem motivado.
- Que ilusão. Eles estão somente dando uma nova oportunidade de os ladrões roubarem e dos governantes aparecerem ainda mais na mídia - respondeu um homem da capital.
Ouvir isso deve ser um choque para qualquer um. Ler, também. Saber que duvidam da nossa capacidade é de se indignar. Então, indignem-se! Estão duvidando que eu, você, ele, nós consigamos fazer algo melhor e que realmente mude positivamente a situação da NOSSA terra. Eu também quero meus direitos, você não quer? Luto por eles e quero todos lutando juntos, por um ideal, com organização e lealdade ao seu grupo.
Entendo as dificuldades e a falta de apoio, principalmente das pessoas de mais idade, que muitas vezes não entendem o fato de alguns buscarem os seus direitos diante da sociedade. Me lembro de motoristas atropelando protestantes e idosos esculachando os jovens que foram atrás da mudança. E daí? Se não tiver dificuldade, não vai ser necessário luta e se não houver luta, não será valorizada mais essa conquista.
Infelizes mesmo eram os momentos em que tínhamos que concordar com as avaliações negativas de algumas pessoas. Roubos, saques e arrastões em meio aos protestos enfraqueciam o movimento cada dia mais. Bancos, lojas e carros quebrados, destruídos e vandalizados por pessoas que insistiam em decepcionar qualquer um que os conhecesse, e o pior, os prejudicados talvez não merecessem isso, podiam até estar lutando junto por uma causa justa e, ao mesmo tempo, estarem sendo prejudicados por alguns que nem sabiam o que significava essa causa.

O importante é que acabem com isso e acabem também com essa comodidade chula tão comum nos brasileiros. É hora de acordar de verdade e fugir dessa pobreza de consciência, que está sempre acompanhada de uma mordaça sufocante na boca daqueles que normalmente são dominados pelo medo de falar.

Coluna de sábado, dia 14, na Folha Popular de Teutônia.

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