Podia
começar mais um dos meus textos com um discurso bacana e bem
abastecido de argumentos que pudessem mostrar como a política
brasileira erra e gera a desconfiança desde o idoso, que viveu a
ditadura, até o adolescente, que ontem fez o título de eleitor.
Teria notícias, escândalos, contas e muito dinheiro em cueca de
engravatado para provar que a gente ainda não aprendeu a viver em
uma democracia.
Podia
gastar todos os caracteres disponíveis em uma página de jornal ou
da internet com argumentos que expusessem como o partido A e o
partido B têm problemas de caráter ou administração, e não
apenas eles, o restante do alfabeto também.
O que eu
não acho justo é pensar que está tudo perdido. Não acho justo um
pai dizer para o filho que não importa quem for o prefeito da cidade
onde mora. Não acho justo que ele diga que vai votar no vereador só
porque é o vizinho da frente. Nem que, indiferente do que acontecer
e de quem se eleger, ele vai ter que trabalhar cedo na segunda-feira
de manhã. Não, não pode dar um voto de protesto. Isso não é uma
brincadeira, são milhões de futuros.
É o
futuro da mãe que cuidou sozinha do filho mais novo quase uma vida
inteira e precisa de esperança para seguir firme na luta. É o
futuro do negro que sofreu preconceito, mas saiu da margem da
sociedade para mudar a história. É o futuro do bebê que agora está
sendo amamentado. O futuro do João, do Pedrão, do Carlão, do
Ricardão e do todos aqueles que tem o apelido no diminutivo também.
Queria
saber o que dizer para os 200 milhões de brasileiros perdidos nesse
tiro cruzado de incertezas e corrupção, embora saiba que a maioria
não seja capaz de me ouvir agora. Queria ter uma hora, um minuto, um
segundo ou um simples texto que expressasse a minha esperança e o
meu pedido de joelhos para que os pais do presente e do futuro não
joguem fora toda a minha vontade de ter um país mais justo.
Quero que
não desmotivem os jovens. Que não impeçam eles de votar pelo
trabalho de um político, ao invés do parentesco daquele candidato
que nem conhecem. Quero um pouco mais de atenção no futuro, porque
ele vai existir, mesmo que todos os fumantes de 15 anos ainda
discordem de mim. Quero que não tirem o futuro daqueles que ainda
querem ter ele.
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