20 de março de 2021

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27 de setembro de 2016

Não tirem o futuro de quem ainda quer ele

Podia começar mais um dos meus textos com um discurso bacana e bem abastecido de argumentos que pudessem mostrar como a política brasileira erra e gera a desconfiança desde o idoso, que viveu a ditadura, até o adolescente, que ontem fez o título de eleitor. Teria notícias, escândalos, contas e muito dinheiro em cueca de engravatado para provar que a gente ainda não aprendeu a viver em uma democracia.
Podia gastar todos os caracteres disponíveis em uma página de jornal ou da internet com argumentos que expusessem como o partido A e o partido B têm problemas de caráter ou administração, e não apenas eles, o restante do alfabeto também.
O que eu não acho justo é pensar que está tudo perdido. Não acho justo um pai dizer para o filho que não importa quem for o prefeito da cidade onde mora. Não acho justo que ele diga que vai votar no vereador só porque é o vizinho da frente. Nem que, indiferente do que acontecer e de quem se eleger, ele vai ter que trabalhar cedo na segunda-feira de manhã. Não, não pode dar um voto de protesto. Isso não é uma brincadeira, são milhões de futuros.
É o futuro da mãe que cuidou sozinha do filho mais novo quase uma vida inteira e precisa de esperança para seguir firme na luta. É o futuro do negro que sofreu preconceito, mas saiu da margem da sociedade para mudar a história. É o futuro do bebê que agora está sendo amamentado. O futuro do João, do Pedrão, do Carlão, do Ricardão e do todos aqueles que tem o apelido no diminutivo também.
Queria saber o que dizer para os 200 milhões de brasileiros perdidos nesse tiro cruzado de incertezas e corrupção, embora saiba que a maioria não seja capaz de me ouvir agora. Queria ter uma hora, um minuto, um segundo ou um simples texto que expressasse a minha esperança e o meu pedido de joelhos para que os pais do presente e do futuro não joguem fora toda a minha vontade de ter um país mais justo.
Quero que não desmotivem os jovens. Que não impeçam eles de votar pelo trabalho de um político, ao invés do parentesco daquele candidato que nem conhecem. Quero um pouco mais de atenção no futuro, porque ele vai existir, mesmo que todos os fumantes de 15 anos ainda discordem de mim. Quero que não tirem o futuro daqueles que ainda querem ter ele.

22 de fevereiro de 2016

Duda: sem um adeus I

Capítulo 1: Alô, mãe!
- Ai, Duda! Tu nem sabe! Minha mãe me incomodou ontem a noite inteira. Ela acha que eu vou namorar com o Rafael e ela e meu pai amam ele. Quando eu disse que eu não queria nada com o Rafa, ela começou a me xingar. Ai, sério, não aguento mais minha mãe.
- Pelo menos tu tem uma mãe presente na tua vida - eu disse sem demonstrar qualquer interesse no assunto.
- Ai amiga, vamos mudar de assunto. Por favor, sem baixo astral, que hoje é sexta-feira.
- Sexta, sábado, domingo ou segunda, é tudo igual pra mim.
- O que aconteceu contigo hoje?
- Nada, não. Desculpa. É que ontem fiquei a noite inteiro assistindo o DVD da Adele e tu sabe como eu fico quando escuto ela, não é? Passei a noite chorando e lembrando da minha mãe. Quando acordei hoje não tinha paciência com ninguém, e passei o dia inteiro discutindo comigo mesma em um silêncio absoluto.
- Nossa, profundo. Mas tu nunca me contou o que aconteceu com a tua mãe. Não quer...?
- Outra hora! - interrompi antes que ela concluísse a pergunta e encerrei a conversa.
Eu juro que amo Natasha do fundo do meu coração, mas me irrito muito com ela quando começa a reclamar da mãe ou fingir que não é apaixonada pelo Rafa, um amigo com quem ela ficou milhares de vezes, é apaixonada e nunca teve coragem de assumir nada. E o pior é que ele é super bacana.

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Ah, meu nome é Eduarda, ou Duda. Com 19 anos e ainda sofrendo de saudade. Não de um namoradinho qualquer ou de umas das minhas amigas, mas da minha mãe, que sumiu quando eu tinha apenas 12 anos. Na verdade, ela não sumiu, só se separou do meu pai e foi morar em outra cidade. Pelo menos, essa é a história que eu conto para todo mundo quando me perguntam sobre ela.

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- Vai direto pra casa quando terminar a aula? - Natasha me perguntou durante o intervalo.
- Acho que sim - respondi sem sequer olhar para ela.
- O Rafa convidou a gente pra sair com ele e o Felipe depois.
- Acho que não tô muito afim hoje.
- Então deixa pra próxima, vou avisar ele.
- Falando nisso, como tá o teu lance com o Rafa?
- Acho que vou parar de ficar com ele, a gente não tá mais no Ensino Médio e isso que a gente tinha de especial já passou. É só amizade - ela disse, mesmo parecendo que não queria dizer.
- Pensa bem, pra não se arrepender depois - aconselhei.
- Eu vou pensar!
O resto da aula foi simplesmente rápido e entediante até que…
- Natasha, a minha mãe tá me ligando - eu disse sem acreditar.
- Atende - ela respondeu, enquanto virava a cabeça na minha direção mais rápido do que eu jamais imaginei que uma pessoa normal poderia conseguir.

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Eu preciso ser sincera. Na verdade, minha mãe não se separou do meu pai da maneira mais comum. Ela fugiu.

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Eu pensei e repensei diversas vezes se deveria atender, enquanto meu celular vibrava insistentemente na mesa. Não falava com minha mãe há mais de um mês e nem saberia o que dizer quando atendesse a ligação. Eu precisaria de umas duas horas para refletir se realmente era interessante atender. Tinha impressão que ela queria apenas mais um favor, como mudar a senha de alguma rede social ou descobrir como comentar a foto de algum outro homem. Poxa, será que ela não sabe que eu estudo nas segundas à noite?! Claro que não sabe. Faz semanas que não fala comigo, é impossível que se lembre de algo recente relacionado a mim. Então…
- Oi mãe!


PRÓXIMO CAPÍTULO: Só Deus sabe (semana que vem).

INTRO | Duda: sem um adeus

Eduarda, ou Duda, cresceu ouvindo as brigas dos pais no quarto ao lado. Depois de alguns anos e ameaças de separação dos dois, a mãe de Duda faz algo inesperado. Muitas mudanças aconteceram na vida da garota quando ela ainda era muito nova. Mudanças que influenciaram diretamente na sua vida, nos namorados e na relação com a família.

"Duda: sem um adeus"
HOJE, DIA 22!
ÀS 22 HORAS!

7 de janeiro de 2016

Você não cumpre suas promessas!

Eu não preciso ter um QI 200, ou te conhecer desde o dia em que nasceu, para afirmar, com toda a certeza, que você nem sempre cumpre as promessas que faz para as pessoas, mesmo quando envolve aquelas que mais ama.
- Filho, lava a louça hoje.
- Sim, mãe. Já estou indo!
Ah, os seus 14 anos... Quando não tinha toda a pressão ou as responsabilidades de hoje. Só o que precisava fazer era lavar a louça depois do almoço e muitas vezes pegava no sono e acordava com a pia da cozinha brilhando de limpa, mas não lembrava de ter atendido o pedido da sua mãe.
- Vou te amar para sempre!
- Eu também!
Talvez seja a mentira mais repetida da década atual e dos últimos seis anos. Crianças de 12 anos que se acostumaram com juras de amor eterno, mesmo que ainda acordem mijadas no meio da noite nos dias mais frios do inverno. Também muito usada por adolescentes que parecem considerar que a eternidade não seja mais do que quatro meses, ou uma noite de sexo.
- Não é pra jogar videogame quando estiver comigo!
- Não vou. Prometo que vou jogar só se estiver sozinho, ok?
Os gamer’s mais assíduos e as namoradas (ou ex-namoradas?) deles sabem do que eu estou falando. "Só vou jogar enquanto tu termina de arrumar as tuas roupas". Baita promessa fajuta. Você sabe que as maratonas de jogos até às 5 horas da manhã vão acontecer independentemente de estar sozinho ou acompanhado daquela que costuma chamar de "amor".
- ...até que a morte nos separe.
- ...até que a morte nos separe.

E sobre essa promessa eu preciso falar algo?
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