Se tivessem avisado antes, nem eu acreditaria em tal façanha.
Palavras surgiam, surgiam, surgiam e eu nem sabia como controlá-las. Logo eu,
que pouco falava e quase nem pensava em tais assuntos. Escrever com palavras
fortes e, confesso, as vezes ofensivas, distribuir chapéus e, necessariamente,
tapear a cara dos merecedores. Parecia uma baralho de cartas preparando-se para
o jogo, de um lado para o outro e sem previsão para o fim dessa bagunça geral.
Ai, que saco! Todas as frases sumiram de repente e não
apareceram mesmo depois de meses, até as frases prontas que ousava em usar, ou
usava para ousar. Parecia tudo perdido. Foi difícil com elas, muito pior sem
elas. Uma mordaça na boca, uma algema nas mãos e nada mais nos pensamos.
Repito: “Nada mais nos pensamentos”.
- Nunca mais vou escrever – frase infeliz dita por alguém
que se atrevia a duvidar de si próprio sem o menor escrúpulo. Um certo
nordestino diria: “Que cabra da peste mais arretado, oxi.” Amigos diriam “vexame”,
colegas diriam também e os outros não perceberiam a diferença de alguns
parágrafos a menos em suas vidas.
Assim como a Fênix, que renascia das cinzas ainda mais
forte, palavras fortes e frases boas foram tomando conta e substituindo as mais
agressivas. O baralho não havia pegado fogo, nem havia sido roubado, apenas
estava esperando a sua nova descoberta no fundo da gaveta, e pronto para
colocar as cartas na mesa e distribuir o seu jogo. Acredite, ele está pronto
para abrir o seu leque de cartas e abrir, também, os olhos de muitos, mesmo que
seja necessário baldes de água escaldante diante de seus rostos.
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