Não dá pra confundir hábitos com comportamento. Os hábitos mudaram, e muito. Conversamos com um celular na mão, conseguimos ver todos os dias aquela loira linda que mora distante e encanta pelas suas fotos, não almoçamos direito nem jantamos com a família para poder falar com um amigo sobre um assunto que sequer é importante. Aceitamos isso na maior naturalidade. E quando outra pessoa muda um hábito pessoal, como reagimos? Normalmente?
Ah, e se um amigo seu postasse agora aquela foto romântica abraçado com um outro homem de sexualidade discutível? E pode acontecer o mesmo com mulheres que resolvem se amar em uma cidade de interior e causam um impacto gritante. E o mais surpreendente são os comentários no Facebook...
- Não acredito! Ela é sapatão?
- Guria, por que fez isso?
Nosso comportamento não muda positivamente. Muitos jovens ainda têm um pré-conceito com tudo que é novo, ou diferente. Nossos avós foram assim, nossos pais também e nós continuamos mantendo essa tradição. O diferente continua sendo estranho, e a prova disso é simplesmente o bullying, que permanece forte em uma era de tecnologia, e talvez esteja até mais fortalecido com todas essas mudanças.
Ou vai me dizer que mudança positiva de comportamento é mais de 30% dos homens terem respondido, em uma pesquisa realizada nos Estados Unidos, que estuprariam uma mulher se soubessem que não seriam punidos? E se eu te falar que 13% afirmaram que forçariam ter relação sexual com uma mulher se tivessem a oportunidade, mesmo correndo o risco de sofrer uma punição, você consideraria normal?
Isso é mudança? Mudança é as mulheres concordarem que outras mulheres estão se insinuando e assumindo o risco de algum abuso por estarem usando uma roupa um pouco mais curta do que o tradicional?
Não gente, isso não é mudança. É manutenção do machismo na cabeça das mulheres. E os homens que andam sem camisa na rua, isso é tranquilo? O problema mesmo é "aquela oferecida, toda caída que usa essas roupas indecentes, coisa de p...", sério que é isso?
E é muito fácil entrar nesse assunto quando busca pesquisas diferentes. Por exemplo, uma realizada no Brasil com mais de 1.200 estudantes e mostrou que entre 67% e 69% dos jovens, entre 18 e 29 anos, aceitam ter amigos ou professores homossexuais. Porém, o número muda quando abordada a sexualidade de um irmão ou uma irmã, caindo para 50% a aceitação. E eu até concordo que esse ponta mostra certa evolução, mas também representa um atraso enorme nela, simplesmente porque a opção sexual das pessoas é discutida há muito tempo e já foi discutida o suficiente. Nesse tempo todo tivemos grandes escritores, músicos e outros artistas, fora os grandes empresários, que são homossexuais, e são praticamente gênios.
Nós mudamos muito os hábitos de dia a dia, mas não evoluímos junto com a internet. A internet cresceu muito, mas faltou algo da nossa parte evoluir junto, na maneira de pensar e aceitar muito do que está acontecendo. Faz o seguinte, se tu ainda quer discutir diferenças, então volta no tempo e faz isso, mas esquece 2015, porque aqui nós não queremos preconceito, principalmente de cor, raça, opção sexual ou condição econômica, queremos diversidade de escolhas.
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