Aos 35 anos de idade, minha mãe tinha o costume de sair no dia 9 ou 10 de cada mês com quase uma dezena de carnês de conta para pagar. Demorava uma tarde inteira de sábado e chegava por volta das 17 horas. Comia um pedaço de bolo que fez antes do almoço e deixou esfriando, depois começava a fazer a massa da pizza, que era janta tradicional de todos os sábados. Uma delícia!
Desde que minha mãe tinha 35, já se passaram 17 anos, hoje tem 52. Ela continua fazendo o mesmo bolo gostoso de chocolate e a mesma pizza metade frango, metade coração, pelo menos uma vez a cada mês. Porém, minha mãe hoje compra no cartão de crédito e vê o valor gasto sendo debitado de sua conta sem sequer dar um passo para fora de casa.
Eu, que tenho 20 anos de idade, ainda preciso caminhar muitos quilômetros para chegar nos 35, exatos 15 anos - você deve ter percebido se tirava pelo menos a média nas provas de matemática do Ensino Fundamental. Mesmo assim, os únicos papéis de conta para pagar que chegam lá em casa são meus (academia e faculdade), e faço questão de chamar minha mãe toda vez que vou pagá-las. Pego meu smartphone, abro um aplicativo, deixo o código de barras alinhado com a câmera e deu. Em menos de dois minutos faço minha mãe ficar com aquela cara de espanto como quem comeu o melhor bolo de chocolate do mundo.
- Isso é seguro? - pergunta ela.
- Sim, mãe! - eu respondo sem precisar raciocinar.
Talvez esteja se perguntando qual o meu motivo para falar da minha mãe e como ela paga as contas da casa. O motivo é simples. Um dia eu também terei um filho. E aos 20 anos de idade meu filho também vai rir da minha cara ao ver a forma como pagarei minhas contas. E do jeito como tudo está fluindo, provavelmente o meu caçula nem saiba o que é uma nota de 10 reais. Essa é a tendência.
A internet ainda tem espaço e ideias a serem explorados, e eu tenho certeza que até os meus 52 anos eles já serão conhecidos. Moedas virtuais oficiais existirão. Não sei como e quando, mas vão existir. O bitcoin - sistema de pagamento online baseado em protocolo de código aberto que é independente de qualquer autoridade central - é só o início de mais uma inovação, que no futuro será só mais uma realidade, "né mãe?!".
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