22 de setembro de 2015

Bárbara: sem emoções VI

Capítulo 6: Oi, Bárbara

Durante o restante da semana eu pensei em mil maneiras para chegar em uma garota e dizer que eu tenho muitas dúvidas sobre a vida dela e queria saber porquê ela saiu uma noite com um cara estranho depois da aula, saber o motivo de ter saído da faculdade anterior, o nome do filho, a história do namorado recente, o valor do anel que ela atualmente carrega no dedo e como ela faz para chamar tanta atenção no meio de uma sala de aula com mais de 50 alunos imprecisos e indecisos nas escolhas.
Enfim, a terça-feira.
- Felipe, eu vou falar com ela
- Quando? - ele me respondeu com uma velocidade absurda.
- Assim que terminar a aula.
- Cara, já sabe o que vai falar?
- Acho que vou pedir se ela quer ir num motel, pra tentar descontrair.
- É sério!
- Não sei o que vou falar para ela.
- E eu não sei o que ela vai falar pra ti.
Felipe sempre se interessou menos do que eu sobre a história da Bárbara, mas ele tem ficado bem atento à tudo que acontece na aula. Quando ela chegou na sala, Felipe fez questão de me cutucar e mostrar. Assim que ela sentou eu fiz um sinal para falar com ela no final da aula. Ela me olhou como se estranhasse a minha atitude, porém, fez sinal positivo.
Não consegui me concentrar direito nos estudos durante aquela noite, só pensava na hora que ia ouvir um sinal ecoar no corredor, causando-me um alívio intenso, mas uma expectativa eletrizante e nervosa. Nunca na minha vida tinha conversado com Bárbara de verdade, nem sequer sabia como era o som da sua voz. Aquela morena comum da faculdade criava algumas expectativas quanto a esses simples detalhes de sua vida. Bárbara fazia meu coração bater forte de nervosismo, e fraco de medo de saber o que se esconde por trás dela.
- Espero que não tenha me chamado aqui para combinar de ir num motel - falou Bárbara, enquanto sorria e tentava olhar no fundo dos meus olhos para tentar me entender.
- Vai acreditar se eu dizer que essa foi uma das primeiras coisas que passou pela minha cabeça?
- Isso é mais a cara do seu amigo loiro
- Felipe?
- Ele mesmo!
- Pensei que você nem soubesse que nós existíamos.
- Vocês não são muito discretos, meninos.
- Como assim?
- Felipe já te contou sobre as quatro vezes que me seguiu e as seis conversas minhas que ele acompanhou de tão perto que dava para sentir o cheiro de chicle de hortelã que ele masca em todas as aulas.
- Bastante observadora!
- Pois é… Então, por quê me chamou aqui?
- Dúvidas.
- Sobre?
- Tudo em você.
- Sou tão interessante assim?
- Você é misteriosa.
- Se me fizer as perguntas certas vai perceber que sou só mais uma perdida no meio de tantos outros perdidos.
- Então...


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