Capítulo
6: Oi, Bárbara
Durante
o restante da semana eu pensei em mil maneiras para chegar em uma
garota e dizer que eu tenho muitas dúvidas sobre a vida dela e
queria saber porquê ela saiu uma noite com um cara estranho depois da aula, saber o motivo de ter saído da faculdade anterior, o
nome do filho, a história do namorado recente, o valor do anel que
ela atualmente carrega no dedo e como ela faz para chamar tanta
atenção no meio de uma sala de aula com mais de 50 alunos
imprecisos e indecisos nas escolhas.
Enfim,
a terça-feira.
-
Felipe, eu vou falar com ela
-
Quando? - ele me respondeu com uma velocidade absurda.
-
Assim que terminar a aula.
-
Cara, já sabe o que vai falar?
-
Acho que vou pedir se ela quer ir num motel, pra tentar descontrair.
-
É sério!
-
Não sei o que vou falar para ela.
-
E eu não sei o que ela vai falar pra ti.
Felipe
sempre se interessou menos do que eu sobre a história da Bárbara,
mas ele tem ficado bem atento à tudo que acontece na aula. Quando
ela chegou na sala, Felipe fez questão de me cutucar e mostrar.
Assim que ela sentou eu fiz um sinal para falar com ela no final da
aula. Ela me olhou como se estranhasse a minha atitude, porém, fez
sinal positivo.
Não
consegui me concentrar direito nos estudos durante aquela noite, só
pensava na hora que ia ouvir um sinal ecoar no corredor, causando-me
um alívio intenso, mas uma expectativa eletrizante e nervosa. Nunca
na minha vida tinha conversado com Bárbara de verdade, nem sequer
sabia como era o som da sua voz. Aquela morena comum da faculdade
criava algumas expectativas quanto a esses simples detalhes de sua
vida. Bárbara fazia meu coração bater forte de nervosismo, e fraco
de medo de saber o que se esconde por trás dela.
-
Espero que não tenha me chamado aqui para combinar de ir num motel -
falou Bárbara, enquanto sorria e tentava olhar no fundo dos meus
olhos para tentar me entender.
-
Vai acreditar se eu dizer que essa foi uma das primeiras coisas que
passou pela minha cabeça?
-
Isso é mais a cara do seu amigo loiro
-
Felipe?
-
Ele mesmo!
-
Pensei que você nem soubesse que nós existíamos.
-
Vocês não são muito discretos, meninos.
-
Como assim?
-
Felipe já te contou sobre as quatro vezes que me seguiu e as seis
conversas minhas que ele acompanhou de tão perto que dava para
sentir o cheiro de chicle de hortelã que ele masca em todas as
aulas.
-
Bastante observadora!
-
Pois é… Então, por quê me chamou aqui?
-
Dúvidas.
-
Sobre?
-
Tudo em você.
-
Sou tão interessante assim?
- Você é misteriosa.
-
Se me fizer as perguntas certas vai perceber que sou só mais uma
perdida no meio de tantos outros perdidos.
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